A história.

Ninguém sabe dizer como tudo começou. Ninguém estava lá no princípio, mas acredite, foram os deuses. A terra plana e sem cor, recebeu montanhas e relevo. Do solo brotou a grama e as extensas regiões de floresta. Para preencher o buraco que cercava tudo, foi criado o mar. E por fim, para completar toda a obra-prima da deusa Anma, um animal dominante foi escolhido dentre muitos que pensavam. Era naquele momento que nascia o império da humanidade e as cores que ilustravam a existência. O mundo não seria o mesmo sem os deuses, eu vos digo. Os próprios desciam do panteão a terra, para auxiliar no processo de desenvolvimento. As primeiras civilizações foram ensinadas a se comportar, a criar, construir. Como forma agradecimento, os humanos ergueram templos, estátuas e monumentos em homenagem as Mães.

Com o tempo, os deuses deixaram de aparecer, preferindo manter seu comando a distância, mas fizeram questão de deixar sua marca pessoal na terra. Alguns anos após o princípio, as criaturas foram presenteadas com o conhecimento da magia e ela passou e reger a ordem. Os grandes destaques desta arte, foram premiados com reinos e suas famílias tomaram controle dos territórios designados. Começava então a era das Rainhas. Na terra, as coisas funcionavam de acordo com as vontades femininas. Eram poucas as raças que permitiam a ascensão dos machos. Toda família levava o nome da esposa, da grande mãe. Só mulheres tinham direito ao trono e as primeiras filhas após elas. O papel masculino era puramente reprodutor. Eram eles que faziam o trabalho braçal, eram eles que se reuniam aos montes para guerrear em nome de suas rainhas. Apesar disso, as senhoras tinham direito de participar do que bem entendessem e sem nenhuma limitação tornavam-se grandes guerreiras ou magas.

Depois de duas décadas na jornada do aprendizado, as criaturas perceberam que precisavam brincar de guerra para suprir suas necessidades. Foi o período marcado pela primeira grande guerra, o mesmo que deixou um rastro negro na história. Por causa da violência desses conflitos, muitas famílias eram dizimadas e deixavam de existir, ou apenas tornavam-se extremamente inferiores a ponto de não receberem atenção; outras famílias tomaram seus lugares e as ordens foram alteradas de maneira forçada por causa da guerra. A partir dessa primeira grande batalha, muitos outros conflitos vieram a acontecer, sempre com os prejuízos acompanhantes. Muitas vezes a guerra não se limita ao território; muitas vezes envolvia outras raças, outros pedaços de terra, recursos. A verdade era que não havia um motivo certo para se criar guerra.



Por muito tempo o mundo viveu em paz, mas era chegada a hora de destruir a conformidade. Dos sete reinos, cada um pertencente a uma família, era sabido que um deles era o mais importante. Era ele o que dominava o restante, e quando digo ele, quero dizer Ela; Rainha Ditria Vaskalf, a senhora do reino central, fissurada por crueldade e conhecida por sua grande extensão mágica. Todos sofreram muito em suas mãos, as vezes a paz era confundida com a aceitação da massa. Seus grandes prazeres evoluíam da ideia de que o sangue fazia bem para a pele. Seus criados eram constantemente assassinados, tanto por ela quanto por suas filhas, sem qualquer remorso. Alguém precisava fazer alguma coisa. A vida estava sendo desperdiçada nas mãos daquela mulher. Numa tarde de outono um esquilo passava pela floresta enquanto a senhora dos Cadmos caminhava entre as árvores. Distraída, Eliza tropeçou numa estranha pedra que refletia um dos inúmeros tons de vermelho. Aquilo foi mais que suficiente para lhe dar força necessária para destruir o império de Ditria. Outra guerra emergiu daquele ponto.

Os exércitos se colidiram por várias luas e todas as raças pensantes tiveram participação ativa no motim. Uma única família tentou apoiar Ditria, mas a ajuda não surtiu efeito sobre o restante da legião. Após um ano de conflito, uma nova rainha sentava-se no trono. Ditria teve sua cabeça arrancada para que a sede por sangue abaixasse entre os civis. Eliza governava. Nos dias que se sucederam novas leis passaram a valer e todos os membros da família Vaskalf foram caçados como cervos num bosque. Uma nova paz regia o mundo e dessa vez parecia aceitável. A nova rainha propôs mudanças que perduraram pelos tempos. Apesar do período da primeira grande guerra ter sido um marco, essa com certeza foi a mais famosa e ficou conhecida como "A Guerra da Queda. Por ser mais recente, o impacto foi maior nas pessoas, e quanto maior o impacto, mais intensa é a memória.



A rainha Eliza trouxe toda uma nova perspectiva de governo. Apesar de firme em suas decisões, é uma mulher muito bondosa. O país Owa vive em momentos pacíficos, onde as cores são mais fortes e as pessoas mais felizes. Os poucos conflitos são rapidamente resolvidos pela eficácia do governo. Muitos tratados foram feitos com as raças, para que todos pudessem se desenvolver sem gerar conflitos, cada qual em seu devido território. Apesar de toda essa bondade mascarada, algo acontece por detrás dos panos. Apenas boatos correm pela massa, mas a alguns dias três pessoas foram assassinadas, em momentos diferentes do dia, mas da mesma maneira. Todos os cadáveres apresentaram uma estrela brilhante, feita puramente de magia, na região do peito. A estrela estava completamente incrustada no corpo, como se carne e mágica fossem um. Um novo mal parecia assolar os sete reinos